Os parlamentares do PT são, em grande maioria, contra o ajuste fiscal da forma como foi proposto pela presidente Dilma Rousseff (PT). Entre 59 deputados e senadores petistas ouvidos pelo O Globo, 40 disseram que não concordam com as propostas enviadas ao Congresso Nacional pelo governo, enquanto apenas 18 concordam e um não quis se posicionar.
Os parlamentares do PMDB, que foram procurados pelos ministros da área econômica na semana passada, admitiram dar apoio ao ajuste fiscal, mas cobraram envolvimento do PT para não carregarem sozinhos o ônus da medida impopular. Pelo levantamento, 29 dos 59 parlamentares petistas ouvidos disseram que acompanharão a orientação do governo na votação do ajuste, mas 20 afirmaram que não aceitarão, e dez responderam que só serão a favor do ajuste se forem feitas alterações nos textos das medidas provisórias.
No Senado, a rejeição às MPs é quase unânime. Dos 12 senadores ouvidos, 11 são contra as medidas e um não quis responder. Na Câmara, dos 47 indagados, 29 querem mudanças e apenas 18 são a favor do texto como foi enviado. Preocupados com o efeito do ajuste fiscal sobre suas bases eleitorais, os parlamentares do PT têm demonstrado incômodo com as MPs 664 e 665, que endurecem as regras para concessão de benefícios como auxílio-doença, pensão por morte, abono salarial e seguro-desemprego. Eles acreditam que o ajuste recai, basicamente, sobre os ombros dos trabalhadores.
As a reunião com o ex-presidente Lula, que tenta reorganizar o apoio da base aliada ao governo, a resistência é generalizada. Apesar de muitos petistas defenderem a necessidade do ajuste fiscal diante do cenário econômico adverso, nenhum senador disse concordar com as medidas da forma como foram enviadas. Onze senadores do PT disseram que pretendem alterar itens das MPs com a apresentação de emendas, e um preferiu não se posicionar.
Ainda assim, quatro senadores pretendem seguir a orientação do governo, seja qual for. Outros três dizem que seguirão o governo desde que haja alterações no texto, e um senador petista não respondeu. Outros cinco afirmam que não acompanharão a decisão do Planalto incondicionalmente, mas sim a de suas bancadas.
Na Câmara, dos 47 deputados petistas ouvidos, 29 querem que as MPs sofram ajustes, contra 18 que dizem aceitá-las como são. O grau de fidelidade a Dilma também é maior na Câmara que no Senado: 25 deputados disseram que pretendem seguir a orientação do governo, contra 15 que dizem que não o farão, e outros sete que afirmam pretender seguir o Planalto, desde que haja acordo para alterações nas medidas.