Procuradores que estão à frente da Operação Zelotes endossaram sugestão da
Receita Federal e pediram a quebra dos sigilos bancário e fiscal do
ex-secretário-geral da Presidência Gilberto Carvalho e também da LFT
Marketing Esportivo e mais duas empresas de Luis Claudio Lula da Silva, um
dos filhos do ex-presidente Lula. As informações são d’O Globo.
O pedido foi apresentado no mês passado. Caberá ao juiz da 10ª Vara
Federal, Vallisney de Souza Oliveira, decidir se os argumentos dos
procuradores são suficientes para autorizar uma devassa nas contas do
ex-ministro e das empresas do filho do ex-presidente.A Receita Federal
sugeriu a quebra do sigilo bancário e fiscal a partir de uma investigação
sobre a atuação de um grupo de lobistas supostamente chefiado pelo
ex-vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores) Mauro Marcondes.
O grupo é acusado de receber mais de R$ 32 milhões da Caoa e da MMC,
representantes da Hyundai e Mitsubishi, para comprar trechos de uma medida
provisória favoráveis às duas montadoras. A medida foi editada em 2009 pelo
então presidente Lula e aprovada pelo Congresso Nacional. O texto foi
reeditado outras duas vezes, em 2011 e 2013.
Ao longo das investigações, a polícia identificou diversos políticos e
servidores públicos que tiveram contato com Mauro Marcondes durante as
negociações da medida provisória de isenção fiscal para as montadoras.
Entre essas pessoas está Gilberto Carvalho. Em depoimento a Polícia Federal
em 26 de outubro, o ex-ministro disse que agendou reunião do Marcondes com
Lula.
Carvalho argumenta que Marcondes era vice-presidente da Anfavea e,
portanto, era natural que fosse recebido pelo presidente. Segundo ele,
vários outros empresários do setor também se reuniram com Lula para tratar
da medida provisória, um assunto de interesse do país.Os investigadores da
Zelotes também querem aprofundar a apuração sobre pagamentos da ordem de R$
2,4 milhões de uma empresa do ex-presidente da Anfávea, a Marcondes e
Mautoni, para a LFT Marketing Esportivo, em 2014.
Em depoimento à PF, Marcondes disse que contratou a LFT para fazer
pesquisas e consultorias relacionadas ao marketing esportivo. Os
investigadores consideraram as explicações insuficientes. A empresa de Luis
Cláudio não tem funcionários.
A partir da Zelotes, PF, Ministério Público e Receita investigam o
envolvimento de 70 grandes empresas e bancos em manipulação de decisões do
Carf (Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais) e, mais recentemente,
na suposta compra de trechos de medidas provisórias de isenção fiscal para
montadoras de carro.
Procurado pelo GLOBO, Carvalho disse que não vê problema na quebra do
sigilo bancário e fiscal dele. O ex-ministro disse que, quando compareceu a
PF para depor, colocou a disposição dos investigadores as contas bancárias,
fiscais e telefônicas. Ele só não concorda com a proposta inicial da
Receita de estender a quebra dos sigilo aos contas de um restaurante que a
filha tinha em Brasília. O restaurante faliu.
– Da minha parte estou tranquilo. Sou homem público, não tenho problema em
ser investigado. Só espero que excluam a minha família. A abertura do
sigilo da minha filha, além de indecente, só vai confirmar o que a difícil
situação financeira dela. O restaurante faliu. Vai ser uma exposição
pública desnecessária. Vamos esperar a decisão do juiz – disse Carvalho
(foto: José Cruz/ABr)
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http://oglobo.globo.com/brasil/ministerio-publico-pede-quebra-de-sigilos-de-gilberto-carvalho-18086576#ixzz3rvq96uEQ