O empresário Salim Schahin, um dos acionistas do Grupo Schahin, declarou à
força-tarefa do Ministério Público Federal que o Banco Schahin realizou
empréstimo de R$ 12 milhões, em fins de 2004, para o pecuarista José Carlos
Bumlai, amigo do ex-presidente Lula (PT). O empréstimo nunca foi quitado.
Segundo Salim, a dívida foi perdoada em 2009.
Na ocasião do empréstimo, Bumlai teria dito a ele que o dinheiro seria
destinado a cobrir ‘dívidas do PT’. Questionado pelos investigadores se, em
contrapartida, a empreiteira recebeu apoio de Lula para obter contrato sem
licitação, em 2007, para operar o navio sonda Vitória 10000 da Petrobrás,
ao preço de R$ 1,6 bilhão, Salim disse que dentro do grupo havia ‘uma
percepção’ de que a partir do apoio de Bumlai haveria indiretamente apoio
do então presidente Lula. Salim disse, no entanto, que nunca conversou com
Lula sobre o negócio.
Salim reiterou que na empresa ‘de maneira indireta’ alguém ouviu que Bumlai
teria garantido apoio de Lula na negociação do Vitória 10000 . Ele afirmou
que nem do próprio Bumlai ouviu algo sobre o suposto incentivo do petista.
Ele explicou que o negócio do Vitória 10000 ‘implicou em muita negociação
difícil, muito trabalho, extensa, que se prolongou por anos’.
O acordo de delação do empresário, fechado com o Ministério Público
Federal, foi homologado nesta terça-feira, 17, pelo juiz federal Sérgio
Moro, que conduz a Operação Lava Jato. Salim deverá pagar R$ 1,5 milhão a
título de indenização, valor que será repassado à Petrobrás.
Salim Schahin cuidava, na época, da parte financeira do grupo, como
responsável pelo Banco Schahin. Seu irmão, Milton Schahin, o outro
acionista, cuidava da engenharia e era responsável pela construtora.
Os investigadores insistiram sobre a real finalidade do empréstimo para o
partido. Segundo Salim, o amigo de Lula lhe disse que era ‘de interesse do
PT’, mas não soube esclarecer mais detalhes. O empresário disse que ninguém
nunca falou a ele diretamente sobre o assunto. Ele afirmou que o empréstimo
não teve relação com dívidas da campanha de reeleição de Lula, em 2006,
porque foi realizado dois anos antes. A dívida foi rolada até que ‘houve um
entendimento, um arranjo (com Bumlai), já em 2009, uma espécie de perdão’.
Em 2011 o Banco Schahin foi vendido para o BMG – o grupo Schahin assumiu a
dívida.
(foto:Dida Sampaio/Estadão)
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Schahin diz que empréstimo de R$ 12 mi para amigo de Lula foi ‘perdoado’