Parlamentares do PT já estão de malas prontas para deixar o partido

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Descontentes com o governo Dilma Rousseff, principalmente com a política
econômica, dois senadores e um deputado do PT estão com as malas prontas
para sair do partido. São eles os senadores Paulo Paim (RS), Walter
Pinheiro (BA) e o deputado Weliton Prado (MG). Esse último já pediu
desfiliação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando desvio do
programa partidário por parte do PT e discriminação pessoal. Assim, tenta
evitar o correr o risco de perder o mandato. As informações são d’O Globo.

Ao sair candidato a deputado federal tanto em 2010 quanto em 2014, Prado
registrou em cartório compromisso de que não votaria a favor de criação e
aumento de impostos nem apoiaria matérias contra servidores, trabalhadores
e aposentados. Ele ainda é a favor da redução da maioridade penal em casos
de crime contra a vida. Ele e o PT têm estado em campos opostos em todas
essas matérias.

O PT tem perdido quadros. Este ano, deixaram a sigla aproximadamente 20%
dos prefeitos que ela elegeu em 2012 em São Paulo e que ainda estavam, até
o início deste ano, no partido.

Em maio, Prado foi o único deputado do PT que votou contra a medida
provisória que restringiu o acesso ao seguro-desemprego. A bancada tinha
fechado questão a favor. Ele também questiona os números do Planejamento
para justificar o veto ao reajuste de 56% para o Judiciário:

— Há tentativa de desgastar os servidores com a população diante do momento
difícil do país.

Ele diz que, em retaliação, foi retirado pelo PT das comissões da Câmara
das quais fazia parte e excluído do grupo de mensagens da bancada. No
plenário, Weliton Prado tem sentado separado dos deputados do PT.

No Senado, o PT tenta segurar os descontentes. No caso de Walter Pinheiro,
o partido acenou com a candidatura à prefeitura de Salvador no ano que vem.

— Eu e Delcídio (Amaral) temos conversado com eles (Pinheiro e Paim). Não
consideramos que estão fora. Há cogitação de ele (Pinheiro) ser nosso
candidato à prefeitura de Salvador — disse o líder do PT no Senado,
Humberto Costa (PE), citando o líder do governo Delcídio Amaral (PT-MS).

Pinheiro negou, em nota, intenção de disputar a prefeitura. “O senador
Walter Pinheiro comunicou ao diretório municipal do Partido dos
Trabalhadores que recebeu com surpresa a indicação de seu nome como
pré-candidato para concorrer à prefeitura de Salvador, no pleito eleitoral
de 2016. No comunicado, o senador diz que fica honrado, mas declina da
indicação pois, no momento, sua prioridade é cumprir a missão que o povo da
Bahia lhe conferiu no Senado”, afirma o documento.

Pinheiro, que tem discordado da condução da política econômica pelo
ministro Joaquim Levy (Fazenda), não tem participado das reuniões da
bancada do PT no Senado nem de atividades do partido, assim como de
encontros com Dilma.

Desde o início do ano, Pinheiro diz que não fará movimentos antes de acabar
o prazo de mudança de partido para quem quer disputar eleições municipais.
Atualmente esse prazo é de um ano, ou seja, até o fim deste mês, mas a
Câmara diminuiu o período para seis meses na reforma política aprovada na
última semana. Se essa proposta for sancionada por Dilma, já valerá para as
eleições do ano que vem. Pinheiro alega não querer parecer oportunista ou
movido por pretensões eleitorais, como a senadora Marta Suplicy (SP), que
deixou o PT por não ter espaço para disputar a prefeitura de São Paulo. O
senador, no entanto, não quer falar sobre esse assunto:

— Não é minha pauta, minha pauta é pacto federativo, minha pauta é discutir
uma saída para o Brasil, não para mim. Isso eu vejo depois.

Outro insatisfeito é o senador Paulo Paim, que também votou contra o ajuste
fiscal. Após tentar convencer, sem sucesso, senadores independentes a
criarem um novo partido, Paim já participou de reunião da bancada do PSB e
visitou a sede do partido para conversar com dirigentes. Ele também tem
conversado com a Rede, o PCdoB e o PDT.

— Eu me dei prazo até o fim do ano. O problema de fundo é a atual política
econômica, que esqueceu nossas raízes e vai na contramão de nossa História.
E também erros cometidos em relação à crise econômica, política, social e
moral, como a desvirtuação das pessoas, ferindo a ética. Nós viemos para
fazer a diferença — disse Paim.

Vice-presidente do PSB, Beto Albuquerque diz que o partido está de portas
abertas tanto para Pinheiro quanto para Paim, com quem as conversas estão
mais adiantadas:

— Tivemos várias conversas com o Paim. O PSB gaúcho está de portas abertas
para ele, seja qual for o projeto dele para 2018. Ele é bem-vindo, tem
trajetória, história. O tempo da decisão é dele.

A última debandada do PT por motivação ideológica foi em 2003, por causa da
reforma da Previdência feita pelo então presidente Lula. Mas, daquela vez,
os parlamentares foram expulsos por discordarem da orientação partidária e
fundaram o PSOL. Eram eles a então senadora Heloísa Helena (AL) e os
deputados Luciana Genro (RS), Babá (PA) e João Fontes (SE). Chico Alencar
(RJ) também deixou a sigla na época.

Entre os petistas que ficam, há constrangimento com os rumos do governo e
com a necessidade de votar contra bandeiras do partido.

— Fazemos um esforço enorme para manter um mínimo de coerência com nossa
história de vida. Às vezes, rachamos com o governo, como no fator
previdenciário — disse o deputado Vicentinho (PT-SP), no lançamento da
agenda legislativa da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

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