Testemunhas ouvidas pelo Ministério Público de São Paulo reforçam a relação
entre o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal do ex-presidente Lula
preso desde outubro na Operação Lava Jato, com a reforma realizada no sítio
em Atibaia (SP). O “Jornal Nacional” revelou na noite deste sábado (13)
trechos de depoimentos dessas testemunhas. O imóvel, atribuído ao
ex-presidente Lula, foi visitado por ele e sua família 111 vezes e é alvo
de investigação de procuradores e da Polícia Federal.
Um deles foi concedido pelo engenheiro Emerson Cardoso Leite, que relatou
ter recebido uma ligação de Bumlai pedindo a indicação de um profissional
para a execução de uma reforma em um sítio em Atibaia.
Leite disse que, como não atuava com reformas de casas, solicitou a um
colega de trabalho a contratação de um arquiteto.
O profissional escolhido para cuidar das obras foi Igenes dos Santos
Irigaray Neto, como a Folha revelou no início deste mês.
No depoimento, o engenheiro também relatou que o tempo para realizar a
reforma era curto e que “Bumlai ligou agressivamente reclamando que a obra
não progredia”. Também disse que “tem quase certeza, por conta de
informações do próprio Bumlai, quem tocaria a reforma seria a construtora
OAS”.
O arquiteto Irigaray Neto também foi ouvido pelo Ministério Público
paulista e confirmou que havia pressa na execução da obra, mas disse que
não teve contato com os donos da propriedade.
O “JN” também ouviu um motorista que trabalhou como carpinteiro no sítio de
Atibaia durante a reforma.
Segundo ele, “mais de cem pessoas” trabalharam no local, sendo que muitos
eram estrangeiros. “Não falavam a nossa língua, paraguaio, boliviano era
esse tipo de gente”, afirmou.
*INVESTIGAÇÃO*
No fim de janeiro, a Folha publicou entrevista com a ex-dona da loja que
forneceu material de construção para obras realizadas no sítio a partir de
outubro de 2010, quando Lula ainda era presidente. Segundo ela, a
construtora Odebrecht bancou a maior parte da reforma.
Após a reportagem, a força-tarefa da Lava Jato passou a investigar a
ligação da Odebrecht com as obras no sítio.
A Folha também informou que testemunhas ligadas às obras indicaram que as
reformas no imóvel foram financiadas por uma espécie de consórcio informal
que incluiu, além da Odebrecht, a empreiteira OAS e a Usina São Fernando,
ligada a Bumlai.
A assessoria de Lula tem afirmado que o ex-presidente frequenta o sítio de
seus amigos em dias de descanso e que tal fato não pode ser relacionado a
atos ilícitos.
(foto: Veja)link matéria*http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1739417-testemunhas-reforcam-elo-de-amigo-de-lula-a-sitio-em-atibaia.shtml