Tucanos defendem divulgação de depoimentos do ex-diretor da Petrobras em delação premiada

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A quarta-feira (10) promete ser um dia decisivo para o andamento das investigações da CPI Mista da Petrobras. A partir das 10h, líderes e vice-líderes partidários reúnem-se a portas fechadas com o presidente e o relator do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e deputado Marco Maia (PT-RS). Estará em debate o acesso aos depoimentos prestados pelo ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa à Polícia Federal sob regime de delação premiada.

Vital do Rêgo pediu ontem oficialmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) acesso ao conteúdo das informações repassadas por Costa. O ex-diretor, revelou a revista “Veja” no fim de semana, apontou deputados, senadores, ministros e governadores pertencentes à base governista como os beneficiários de um esquema bilionário montado por ele e pelo doleiro Alberto Youssef que incluía a cobrança de propinas de empresas fornecedoras da companhia.
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), defendeu, em seu perfil no Facebook, a divulgação do conteúdo da delação premiada. “Indignada com a sucessão de graves denúncias envolvendo a maior estatal brasileira, a população tem o direito de saber o que o ex-diretor está contando à Justiça – e que tem deixado de cabelo em pé integrantes do governo Dilma e membros de partidos da sua base aliada”, afirmou o tucano.

SUSPEITAS SOBRE CERVERÓ – Às 14h30, os integrantes da CPI mista tomarão o depoimento do ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Entre os personagens principais do maior escândalo institucional da história da petroleira, ele é apontado como o responsável pela elaboração de um resumo “técnica e juridicamente falho” que recomendou a compra da refinaria de Pasadena (EUA). Pela unidade, a companhia desembo10026821286_1b7e3c7eda_zlsou ao todo US$ 1,249 bilhão. A respeito dessa transação, afirmou “Veja”, Costa já teria admitido que ela serviu para abastecer caixas de partidos e pagar propinas a alguns dos envolvidos.

Cerveró é ainda suspeito de operar a nebulosa aquisição de um apartamento de R$ 7,5 milhões localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde ele morou nos últimos cinco anos na condição de inquilino. De acordo com matéria da “Veja” do fim de semana, o imóvel foi comprado por uma empresa offshore no Uruguai – a Jolmey Sociedad Anonima – que tem um laranja como representante no Brasil, o advogado Marcelo Oliveira Mello. Ele já trabalhou na Petrobras com Cerveró e foi sócio do escritório de advocacia Tauil, Chequer & Mello, parceiro do Thompson & Knight, responsável pela defesa da companhia no processo sobre Pasadena.

Segundo o deputado Izalci (DF), o ex-diretor da empresa não tem mais como escapulir do escandaloso enredo de corrupção e desvio de dinheiro que abateu a Petrobras. “O cerco se fechou. Ele vai ter que explicar todas as ações e coincidências. Por exemplo, a compra do apartamento de R$ 7,5 milhões justamente na época da operação envolvendo Pasadena”, disse o tucano, que integra a CPI Mista da estatal.

Para o parlamentar, é fundamental descobrir o destino de todos os recursos desviados e arrecadados ilegalmente das fornecedoras da companhia, além de detalhes do esquema e seus beneficiários. “Nós já sabíamos que foi tudo premeditado e que a operação foi combinada. Não sabemos para onde foi o dinheiro.”

Izalci criticou a tentativa da presidente Dilma Rousseff de se isentar da crise da Petrobras. Em entrevista à imprensa ontem, a petista afirmou que desconhecia a existência de algum “malfeito” na empresa. “Ela aprendeu com o Lula, que não soube e nem viu nada no mensalão, e tentou repetir a estratégia. Só que agora não tem mais como fugir”, disse.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Kim Maia)

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