Youssef atrapalha cotação de Samek para Minas e Energia

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As verberações do escândalo de desvio de recursos públicos da Petrobras, e que tem um dos seus personagens o doleiro Alberto Youssef, estão atrapalhando a indicação do paranaense Jorge Samek, presidente da Itaipu Binacional, ao Ministério de Minas e Energia no segundo governo da petista Dilma Rousseff. As ponderações são do Valor Econômico da última terça-feira, 28. O jornal avalia que a ala do PMDB, que comanda a pasta, ficou enfraquecida nas urnas e deve deixar o ministério.

“Há quem diga ainda que Dilma simpatizava, até pouco tempo atrás, com a ideia de “puxar” para Brasília o atual diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek. O político paranaense, que acumula 12 anos na chefia do lado brasileiro da empresa binacional, sempre foi considerado da ala mais lulista do PT, mas suas qualidades – habilidade negociadora e conhecimento técnico – o credenciariam como candidato ao ministério. Joga contra, porém, o fato de que o PT do Paraná tem sido atingido pelos depoimentos feitos na delação premiada do doleiro Alberto Youssef”, escreve o Valor.

No entanto, pondera o jornal, o nome mais cotado é de Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete da presidente e peça-chave no comitê de campanha, é um dos cotados. Geólogo de formação, ele foi secretário de mineração quando Dilma esteve à frente do ministério. Giles já havia sido presidente da Sulgás, distribuidora de gás no Rio Grande do Sul, quando a presidente era secretária estadual de energia.

O que está claro, segundo um executivo do setor experiente no trato com o governo, é a disposição da presidente em atacar desajustes como o encarecimento da eletricidade paga pela indústria e o crescimento de desequilíbrios financeiros de geradoras e distribuidoras. Durante a campanha, quem conversou com Alessandro Teixeira, coordenador do programa de governo de Dilma, saiu com a certeza de que ela não está totalmente satisfeita com os rumos do setor elétrico.

“Ela não podia acusar o golpe nos últimos meses, para não dar munição [a Aécio Neves], mas agora deve mudar”, disse um ex auxiliar da presidente, referindo-se a mexidas no Ministério de Minas e Energia. No mercado, não se descarta a busca por um super executivo, seja ele de uma empresa do setor elétrico ou de uma grande indústria. Mas essa possibilidade é tida como pouco provável.

Ninguém mais aposta na continuidade do ministro Edison Lobão, cujo grupo político saiu bastante desfalcado das eleições. O senador José Sarney (PMDB-AP) e sua filha, Roseana, ficam sem mandato a partir de janeiro. Edison Lobão Filho, que tentava suceder Roseana Sarney no governo do Maranhão, foi derrotado no primeiro turno e só volta ao Senado na condição de suplente do pai.

O próprio Lobão teve seu nome citado, sem provas, nos escândalos da Petrobras investigados pela Operação Lava-Jato. Tão grande quanto a expectativa sobre uma troca de comando no ministério é sobre a dimensão das mudanças. O secretário-executivo Márcio Zimmermann e o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, são os principais formuladores de políticas no setor e detêm a confiança absoluta da presidente. Na iniciativa privada, a avaliação geral é que o novo ministro assumirá diretamente o diálogo com as empresas, substituindo o papel exercido por Zimmermann.

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