Cristovam Buarque deixa PDT e vai se filiar ao PPS

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Convidado pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire, para capitanear
uma modernização no partido, o senador Cristovam Buarque, há 11 anos no
PDT, decidiu deixar a legenda e se filiar ao PPS na próxima quarta-feira.
Cristovam, que trocou o PT pelo PDT em 2005, às vésperas de explodir o
escândalo do mensalão, disse que deixa o partido por não querer compactuar
com um acordo entre PT e PDT, que deverá lançar o nome de Ciro Gomes
candidato a presidente em 2018, caso o ex-presidente Lula não consiga se
viabilizar como candidato. O senador denunciou o acordo e o comparou ao
apoio dos militares ao nome de Paulo Maluf nas eleições de 1985, em que
concorreu contra Tancredo Neves: “O Ciro será a continuação da Dilma com
calça comprida, e a continuação do Lula sem o macacão de operário”. As
informações são de Letícia Fernandes n’O Globo.

— O PDT se aliou tanto ao governo Dilma que hoje está se prestando ao papel
de continuar o governo depois da Dilma, se o PT estiver em crise. Se Lula
não tiver condições de ser candidato e nem outro candidato se viabilizar, o
PDT lança o Ciro para continuar o governo do PT. Mais ou menos como os
militares fizeram quando estavam perdendo força e apoiaram o Maluf, ele
seria a continuação do regime com roupa civil. O Ciro será a continuação da
Dilma com calça comprida, e a continuação do Lula sem o macacão de
operário. O PDT hoje é um braço do PT, e não quero meu nome comprometido
com isso — criticou o senador.

Perguntado sobre suas pretensões para as eleições de 2018, Cristovam não
nega nem confirma a possibilidade de ser candidato a presidente. Ele admite
que houve conversas nesse sentido, mas disse que não migra para o PPS por
conta disso e cogita inclusive apoiar outro candidato, como o tucano José
Serra (PSDB-SP), que definiu como um nome “preparadíssimo” para o desafio:

— Isso não está em jogo, nem o PPS é obrigado a me fazer candidato e nem eu
me sinto obrigado a ser candidato a presidente. Estou livre para decidir —
disse, contando o diálogo que teve com Serra há poucos dias:

— Meu humor hoje é de que espero que não seja obrigado a ser candidato,
conversei longamente um dia desses com Serra, um cara preparadíssimo para
disputar a presidência, e disse: “Serra, na nossa idade a gente não devia
estar pensando mais nas memórias do que no futuro?”. Ele disse: “Sim, se
tivessem jovens prontos, mas olhando ao redor não vemos isso”. Um cara como
o Serra está prontíssimo para ser candidato. Claro que há chance de
apoiá-lo, não vejo porque o PPS deve ter candidato de qualquer jeito.

Cortejado por dirigentes do PSB, PRB e PPL, Cristovam admitiu que pensou em
se aposentar no fim do mandato como senador, mas foi dissuadido pelo
próprio Roberto Freire, presidente do PPS.

— Pensei em terminar o mandato e ir para casa, vou fazer 72 anos. Mas tive
uma conversa com o Roberto e ele me disse que a gente não tem o direito de
fazer isso num momento de crise, o Brasil não pode perder nenhuma pessoa,
ninguém pode ir pra casa.

O senador conta que escolheu o PPS por sua proximidade com o presidente do
partido e pela proposta que Freire o fez, para que ajude a reciclar e
modernizar o partido:

— Roberto me disse que quer reciclar o PPS, ele quer que o partido mude
seus propósitos para o mundo global, dar uma modernizada nos propósitos e
maneiras de fazer política. Ele me trouxe o desafio de ajudar a atualizar o
PPS, os outros não me chamaram para isso. Houve muitas outras conversas,
mas a relação pessoal com o Roberto venceu, além do passado do PPS, um
passado muito forte de esquerda, um partido que foi comunista — elogiou.

Cristovam admitiu que o PPS, às vezes, faz “oposição pela oposição” no
Congresso, assim como o PSDB e o DEM, outras legendas que chamou de
conservadoras. Mas disse acreditar na mudança que o partido está disposto a
fazer. Ele citou a Rede, partido da ex-senadora e ex-ministra Marina Silva,
como a única legenda que tem o potencial para fazer “oposição propositiva”.

— Às vezes o PPS passa a ideia de uma oposição por oposição, e não uma
oposição propositiva, mas o próprio Roberto disse que está na hora de mudar
isso. Temos que ser uma oposição propositiva e bem avançada. A Marina chega
a ter uma percepção nesse sentido, a Rede deseja isso, mas ela ao meu ver
está caindo no outro extremo, de se distanciar muito da realidade.

Uma intensa movimentação no Congresso Nacional, assembleias legislativas e
câmaras de vereadores é esperada pela promulgação nesta semana da emenda
constitucional que cria a chamada “janela da infidelidade”, liberando o
troca-troca partidário sem perda de mandato por 30 dias. A previsão é que
cerca de 10% dos deputados federais, por exemplo, deixem suas legendas por
outros partidos.

(foto: Agência Senado)

*link matéria*
http://oglobo.globo.com/brasil/cristovam-buarque-deixa-pdt-vai-se-filiar-ao-pps-18672643#ixzz40E0L0H9l

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