Ex-gerente da Petrobras, o delator Pedro Barusco disse à Justiça que
recebia bilhetinhos de João Vaccari com pedidos sobre propina. Neles, o
ex-tesoureiro do PT pedia dados sobre andamento de obras, aditivos,
pagamentos às empreiteiras e novas licitações. Chegava até a transmitir
queixas das empresas.”Às vezes, ele falava que uma empresa estava
reclamando que não conseguia receber, que tinha aditivo que não saía”,
disse Barusco, em audiência nesta terça (30). As informações são da Folha
de S. Paulo.
Os bilhetes, disse, eram entregues por Renato Duque, ex- diretor de
Serviços da estatal.
Barusco contou que se reunia com Duque e Vaccari (ambos presos) em hotéis e
discutiam propina e futuros contratos. Na diretoria de Serviços, segundo a
investigação, 0,5% dos valores dos contratos ficava com o PT, outro 0,5% ia
para Duque e Barusco.
Barusco, que se comprometeu a devolver US$ 100 milhões, contou que o
pagamento de propina na Petrobras era “endêmico”, e não soube identificar o
gatilho para seu início: “Foi acontecendo dos dois lados. Um oferece, o
outro recebe… Quando a gente vê, está no meio”.
Ele disse que o cartel das empreiteiras era muito forte, a ponto de
aumentar em quase 20% o preço das obras.
Isso aconteceu, segundo ele, especialmente nas refinarias Abreu e Lima (PE)
e no Comperj (RJ). Para o ex-gerente, os executivos pagavam as propinas
para “manter o status quo”. “Acho que as empresas julgavam que aquela
situação era boa, era favorável para elas”, declarou.
A defesa de Vaccari, a cargo de Luiz D’Urso, nega que ele tenha recebido
propina ou tratado do assunto com Duque ou Barusco. Sobre as reuniões com
Duque, ele diz que Vaccari tratava “de assuntos diversos”, mas jamais de
propina.