Lava-Jato: Polícia Federal pode convocar Gleisi Hoffmann para acareação com Marcelo Odebrecht*

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Ucho Haddad-Valsa do adeus –* A controvertida “teoria da bosta seca”
(aquela que explora contradições entre depoimentos de acusados de
corrupção) pode se voltar contra a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR),
após ter falhado a estratégia para defendê-la da acusação de ter levado
propina do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história do planeta,
operação que teve como principal chancela a estrela do Partido dos
Trabalhadores.

Presidente da construtora Norberto Odebrecht, o empresário Marcelo
Odebrecht declarou que “não se recorda” de ter recebido solicitação de
Gleisi Hoffmann para contribuição financeira à campanha de 2010, ocasião em
que a petista concorreu ao Senado Federal. Precavido, o empreiteiro fez uma
ressalva: “Tal resposta não elimina a possibilidade de que tenha havido tal
solicitação ao próprio declarante ou alguém ligado à Odebrecht.”

Por outro lado, em depoimento prestado à Polícia Federal, em março passado,
a própria Gleisi afirmou ter se reunido com Marcelo Odebrecht para angariar
doações para sua campanha ao Senado, sendo que o repasse de dinheiro foi
liberado dias depois. A contradição, evidente, precisa ser elucidada,
inclusive para esclarecer a suspeita de que, além das doações legais (por
dentro) obtidas por Gleisi nesse encontro, agora negado pelo empresário,
tenham ocorrido outras doações (por fora), como aquela de R$ 1 milhão,
pedida pelo marido de Gleisi ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e
providenciada pelo doleiro Alberto Youssef.

A situação de Gleisi complica-se cada vez mais com o passar do tempo e o
desenrolar da Operação Lava-Jato. A tentativa de usar pequenas
incongruências entre os depoimentos dos delatores Paulo Roberto Costa e
Youssef, sobre como foi entregue o dinheiro (R$ 1 milhão) para sua campanha
fracassou.

Os dois delatores confirmaram que o marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo
Bernardo da Silva, pediu o dinheiro ao ex-diretor da Petrobras e que o R$ 1
milhão foi providenciado e entregue pelo doleiro em um shopping popular
localizado no centro de Curitiba. De acordo com o advogado Tracy Reinaldet,
que defende Alberto Youssef, ambos os delatores mantiveram suas versões
sobre a entrega da propina para a campanha da senadora.

“Há uma divergência, ela não é sintomática na opinião da defesa do Alberto
Youssef e também não o é na opinião da defesa do Paulo Roberto Costa. É um
fato acessório que não altera qualquer questão relevante juridicamente para
fins de tipificação”, disse Reinaldet. O ponto de divergência seria em
relação a quem teria efetuado a entrega do dinheiro. O recurso teria sido
pedido pelo ex-ministro das Comunicações e marido de Gleisi, Paulo Bernardo.

A grande questão no caso de Gleisi Hoffmann é que a cúpula do Partido dos
Trabalhadores não está fazendo qualquer esforço para salvar a senadora
paranaense, que pode perder o mandato na esteira da quebra de decoro
parlamentar, assim como ocorreu com o outrora “companheiro”André Vargas
Ilário, ejetado da Câmara dos Deputados por conta de suas relações nada
ortodoxas com o doleiro da Lava-Jato.

Na verdade, o que comenta-se nos bastidores do poder, em Brasília, é que o
PT dá sinais de que está decidido a entregar a cabeça de Gleisi como forma
de poupar outros envolvidos no Petrolão. Se isso acontecer, Gleisi ficará
de fora da política nacional por pelo menos oito anos, período em que será
obrigada a repensar as atitudes bizarras que tomou ao longo da carreira.

A senadora terá tempo suficiente para rever sua decisão de processar o
editor do ucho.info, que ao cumprir seu compromisso profissional insistiu
no escândalo do pedófilo da Casa Civil, Eduardo Gaievski, levado ao Palácio
do Planalto pela própria Gleisi para trabalhar a poucos metros da
presidente da República. Preso por estupro de adolescentes e de vulneráveis
(menores de quatorze anos), Gaievski responde a vários processos e pode ser
condenado a aproximadamente três séculos de prisão.

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